Lugar e cotidiano

Lugar e cotidiano

O homem de fora é portador de uma memória, espécie de consciência congelada, provinda com ele de um outro lugar. O lugar novo o obriga a um novo aprendizado e a uma nova formulação.

A memória olha para o passado. A nova consciência olha para o futuro. O espaço é um dado fundamental nessa descoberta. Ele é o teatro dessa novação por ser, ao mesmo tempo, futuro imediato e passado imediato, um presente ao mesmo tempo concluído e inconcluso, num processo sempre renovado.

[...] A consciência pelo lugar se superpõe a consciência no lugar. A noção do espaço desconhecido perde a conotação negativa e ganha um acento positivo, que vem do seu papel na construção da nova história.

(Milton Santos, A Natureza do Espaço)

 

Este é um trecho do 14º capítulo do livro A Natureza do Espaço de Milton Santos, o qual discute a relação entre lugar e cotidiano. Neste trecho em específico, Milton santos aborda o lugar no cotidiano dos migrantes, que assim como mercadorias e informações, no mundo globalizado em que vivemos, se movimentam, deixando um lugar e uma cultura com o qual estão acostumados e encontrando outros que “os abrigam a viver novas experiências”. Este novo lugar em um primeiro momento seria assustador, por ser desconhecido, mas, com o tempo o meio age mudando o homem, através da nova territorialidade e da nova cultura, acontece então um processo de integração onde o homem se refaz na nova realidade e reaprende, construindo ali uma “Nova História”.

 

Reflexão de Catiani Nascimento.